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Como ajudar as crianças a lidar com o conflito entre pares ?

É importante definir a ideia de conflito, pois a maioria das pessoas atribui ao conflito uma ideia negativa, percebendo-o como algo a evitar ou a resolver.  Sabendo a partida que o conflito é normal e necessário, servindo de vários propósitos nas relações. Pode parecer estranho…

Porém, na realidade, as relações são processos dinâmicos. Estão sempre numa espécie de movimento e mudam ao longo do tempo (quer à escala do dia, quer dos meses e anos). Assim, o conflito não apenas é normal como é necessário, servindo vários propósitos nas relações.

Durante a infância, os conflitos entre pares, são frequentes nas seguintes situações:

  • Quando as crianças têm uma relação de amizade mais estável.

  • Quando os miúdos estão em espaços pequenos e fechados.

  • Entre crianças mais novas (o número de conflitos entre miúdos de 3 anos tende a ser maior do que em crianças de 5).

  • Quando estão presentes adultos que interferem para tentar resolver a desavença-

 

Assim importa entendermos que o conflito é como um “ingrediente” natural das relações, seja na infância ou depois desta. Em crianças mais novas, o conflito tende a assumir uma forma mais física, ou seja as crianças discutem muitas vezes como forma de resolver desacordos. No entanto, à medida que crescem e ganham experiência (mais vocabulário ou capacidade para regular as emoções, para partilhar e para esperar), é provável que o número de contendas deste tipo diminua.

Sabemos que o desenvolvimento de relações de amizade proporciona às crianças uma maior capacidade para a tolerância. Porém, o número de conflitos entre crianças com uma amizade estável tende a ser maior do que entre aquelas que não são amigas. Entre outras explicações supõem-se que tal aconteça porque as crianças que estão mais seguras das suas amizades sabem que, embora se desentendam e discutam, isso não será uma ameaça para a relação. Ou seja, compreendem que não é por isso que vão deixar de ser amigas. Já no caso de crianças sem este laço de afeto mais sólido, o conflito pode pôr fim à relação. 

Por conseguinte, quando o adulto observa este tipo de situações, desentendimento, deve ter presente esta ideia, sempre que possível. No caso de crianças mais novas (quando não está em causa a integridade e segurança física e emocional), o papel do adulto é desejavelmente o de moderador ou mediador. Deve sentar-se perto das crianças e pedir que cada uma, à vez, explique o que está a acontecer. pode questionar cada uma sobre como imagina que pode resolver a situação.

Quando assume um papel deste tipo, o adulto deve fazê-lo com seriedade e atenção. deve usar poucas palavras e explicações, focando-se no entendimento e no sentimento de justiça para cada criança. O papel do adulto deve ser ajudar os mais novos a assumirem um compromisso, um entendimento, valorizando as emoções e a situação de discórdia. Desse modo, as crianças irão sentir-se respeitadas e tenderão a corresponder, fazendo um esforço para reparar a situação e retomar a interação.

Se o adulto intervir no “momento da ação” pode usar estratégias de mediação ou moderação. Mas deve estar muito atento e dar oportunidade às crianças para resolverem a situação. 

Se for após o conflito, pode conversar com a criança sobre a situação. principalmente se considerar que a resolução não foi justa, deve ajudá-la a pensar, a sentir e a antecipar outras possibilidades de resolução em situações futuras. Poderá dar exemplos, contando episódios da sua própria experiência. O mais importante é ser honesto e não moralizar, punir ou desvalorizar o que a criança sente e pensa.

O conflito é então uma possibilidade para reconfigurar, para crescer e tomar decisões. Uma oportunidade de fazer mudanças positivas e de reencontro, quer com os outros, quer consigo mesmo.

O serviço de Psicologia e Orientação
 

 

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